UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERIN�RIA
Apicultura |
Leonardo Nicola
Compilado por Cassiano R. S.
Metodologia Cient�fica
PASSO FUNDO, JUNHO DE 1998.
Sum�rio
I. INTRODU��O.................................................................................. 03II. CARACTER�STICAS DE ALGUMAS ESP�CIES BOT�NICAS CUJAS FLORES S�O ATRATIVAS PARA AS ABELHAS............... 04
III. LOCALIZA��O DO API�RIO........................................................... 05
IV. TIPO DE COLM�IA.......................................................................... 06
V. POVOAMENTO DAS COLM�IAS.................................................... 07
VI. LIMPEZA DAS COLM�IAS............................................................... 09
VII. ALIMENTA��O DAS ABELHAS...................................................... 10
VIII. COLHEITA DO MEL......................................................................... 12
IX. INTRODU��O DA RAINHA............................................................. 13
X. CONCLUS�O................................................................................... 15
XI. BIBLIOGRAFIA.................................................................................16
INTRODU��O
A apicultura � uma atividade bastante difundida no Estado, em geral destinada a produ��o de mel para consumo e, em muitos casos tamb�m para o mercado. De baixo custo e pouco exigente em m�o-de-obra, � conduzida, dentro das propriedades geralmente pela pr�pria fam�lia.
O que se busca na apicultura � a aplica��o de todos os procedimentos conhecidos, que propiciam � fam�lia ap�cola (1 rainha, + 400 zang�es e + 60.000 oper�rias), chamada colm�ia, condi��es para que utilizando-se do n�ctar e p�len das flores, produza mel e outros produtos como cera, pr�polis, gel�ia real e apitoxina.
No seu trabalho de coleta de mel e p�len as abelhas contribuem muito na produ��o vegetal, participando como ve�culo de poliniza��o. Em alguns casos como pastagens, frut�feras e hortali�as principalmente, a sua participa��o � muito vantajosa e a sua utiliza��o vem crescendo e se aperfei�oando � a chamada apicultura migrat�ria, em que as colm�ias s�o deslocadas em busca de n�ctar e p�len e/ou para realiza��o de servi�o de poliniza��o de plantas. Nela o apicultor coloca suas colm�ias junto das culturas a polinizar, obtendo rendimento resultante do aluguel de suas colm�ias na tarefa de poliniza��o e da venda de mel.
II. CARACTER�STICAS DE ALGUMAS ESP�CIES BOT�NICAS CUJAS FLORES S�O ATRATIVAS PARA AS ABELHAS.
Nome Comum / Valor Ap�cola / Produ��o / Flora��o
EUCAL�PTO 10 P�len e N�ctar Janeiro a Abril
CARQUEJA 10 P�len e N�ctar Fevereiro a Abril
MARIA MOLE 8 P�len e N�ctar Setembro a Novembro
GUABIROBA 8 P�len e N�ctar Setembro
LARANJEIRA 5 P�len e N�ctar Agosto a Outubro
PITANGUEIRA 5 P�len e N�ctar Agosto a Setembro
AROEIRA PIRIQUITA 5 P�len e N�ctar Outubro
AROEIRA PRETA 5 P�len e N�ctar Outubro a Novembro
GUACO 3 P�len e N�ctar Agosto a Setembro
CARAGUAT� 2 P�len e N�ctar Novembro a Dezembro
ERVA-DE-PASSARINHO 1 P�len e N�ctar Janeiro a Fevereiro
AC�CIA 1 P�len Julho a Setembro
AMOR AGARRADINHO 8 N�ctar Novembro a Abril
* 1 = muito fraco; 10 = excelente.
III. LOCALIZA��O DO API�RIO
Onde exista boa florada, com bastante n�ctar e p�len.
Pr�ximo a uma boa fonte de �gua ( 100 a 500 metros).
Protegido dos ventos.
Distante no m�nimo 1.500 metros de outros api�rios.
Com 20 a 60 colm�ias, dependendo da abund�ncia e qualidade das floradas.
F�cil acesso em qualquer �poca do ano.
Distante, preferentemente, no m�nimo 150 metros de vias p�blicas, de resid�ncias, de �reas de trabalho e/ou de animais presos. Alguns autores recomendam que esta dist�ncia seja al�m de 500 metros. "Quanto � instala��o de corti�os em quintais mais ou menos espa�osos nos bairros residenciais, certamente h� quem fa�a, mas os respons�veis sempre correm o risco de receberem justas reclama��es, �s vezes de conseq��ncias desagrad�veis, sem contar o preju�zo que as pr�prias col�nias sofrem, representado por grande n�mero de abelhas que toda noite morrem se, atra�das por focos luminosos, v�o caindo ao solo, cansadas de viajar em torno deles ou mesmo sob a a��o de inseticidas."(Ara�jo,1905:42)
Em local drenado, sem po�as de �gua parada.
Na parte mais baixa da regi�o de coleta de p�len e n�ctar pelas abelhas. Assim as abelhas campeiras voar�o descarregadas na subida ao campo de coleta e, quando carregadas, voar�o no sentido da descida.
IV. TIPO DE COLM�IA
Existem diferentes tipos de colm�ias (caixas), mas o tipo padr�o � a LANGSTROTH ou AMERICANA, indicada pelo Minist�rio da Agricultura e pela Confedera��o Brasileira de Apicultores, como padr�o. Nela, o ninho mede 46,5 cm x 37,0 cm x 24,0 cm e a melgueira 46,5 cm x 37,0 cm x 14,5 cm, medidos por dentro.
Partes da colm�ia:
- Fundo;
- Ninho;
- Melgueira ou sobreninho;
- Dez quadros (caixilhos) em cada compartimento (10 no ninho e 10 na melgueira);
- Tampa ou cobertura.
V. POVOAMENTO DAS COLM�IAS
Na �poca da enxamea��o coloque colm�ias (ninhos) com todos os quadros com tiras de c�ra alveolada. As abelhas existem em abund�ncia e seguramente enxames ir�o se instalar. Ap�s, basta lev�-las para o local difinitivo.
Para atrair enxames alguns apicultores costumam pincelar o interior da caixa com uma solu��o de pr�polis (300 gramas de pr�polis mo�do + 700 ml de �lcool deixados em infus�o por 15 dias).
Existem ferom�nios, muito utilizados em S�o Paulo e dispon�veis em nosso mercado, com excelentes resultados e franca expans�o de uso. Colocados nas caixas iscas (destinadas a captura de enxames) apresentam alta capacidade de atra��o de enxames.
V.I OUTROS M�TODOS
V.I.I Retirando enxames de alojamentos naturais ou caixas r�sticas:
- Retira-se os favos de mel e de cria e os coloca nos quadros cortando-os no formato e amarrando-os com fio de algod�o fino. Organiza-se o ninho e deixa-se a colm�ia no mesmo local. As abelhas v�o soldar os favos nos caixilhos e retirar o fio de algod�o. Depois que o enxame estiver desenvolvido transfere-se para o api�rio.
V.I.II Captura de enxames voadores:
- Pega-se um ninho com os caixilhos (quadros) preparados com tiras de c�ra alveolada; coloca-se debaixo ou do lado do enxame; sobre a caixa coloca-se um ninho ou melgueira sem caixilhos para n�o deixar as abelhas cair fora; sacode-se o local onde est� o enxame para cair dentro da caixa ou transfere-se-o com uma concha. Assim que as abelhas descerem para os quadros retirar a sobre-caixa e tampar o ninho. Se poss�vel deixar a colm�ia no local at� que o enxame se estruture.
V.I.III Divis�o de colm�ias:
- Durante a florada pega-se uma colm�ia forte e faz-se o seguinte:
a) Escolhe-se um dia bom e uma hora que as abelhas estejam a campo.
b) Coloca-se um ninho vazio do lado da colm�ia a dividir.
c) Transfere-se para o ninho vazio:
Todos os favos com cria nova e ovos.
1 ou 2 favos com cria operculada.
Metade dos favos com mel.
d) Completa-se os ninhos de ambas com quadros com c�ra alveolada.
e) Deixa-se a colm�ia nova no local da velha e leva-se esta para outro local.
VI. LIMPEZA DAS COLM�IAS
Na �ltima melda (maio/junho) deve-se fazer uma revis�o completa dos ninhos, abrindo-os e examinado favo por favo, tomando-se as seguintes provid�ncias:
a) Retirar todos os favos com mel, operculados.
b) Retirar favos velhos, com tra�as, manchados, etc.
c) Trocar a caixa se estiver rachada, despregada, etc.
d) Retirar excesso de c�ra, pr�polis, etc.
e) Reorganizar o ninho colocando, no centro os quadros com cria, nas extremidades os quadros com mel e entre estes e aqueles, quadros com c�ra alveolada. Havendo colm�ias fracas, re�na duas em uma s�.
Cada colm�ia precisa de 12 a 15 Kg de mel para sua alimenta��o no inverno. As que tiverem menos, fique de olho, s�o candidatas a suplementa��o alimentar.
O trabalho de limpeza das colm�ias deve ser realizado em menor espa�o de tempo poss�vel e em horas quentes do dia para n�o prejudicar as abelhas.
VII. ALIMENTA��O DAS ABELHAS
A complementa��o da alimenta��o das abelhas se faz necess�ria, salvo em casos especiais, em duas situa��es:
VII.I Quando falta alimento para a manuten��o das abelhas da colm�ia:
- Isto pode ocorrer em �pocas de escassez de flores (junho/julho/agosto e janeiro-fevereiro em algumas microrregi�es) ou quando a colm�ia sofreu algum tipo de problema ou interven��o de manejo do apicultor. Para estes per�odos o alimento deve conter carboidratos e prote�na.
VII.II Trinta a quarenta dias antes da florada:
Com a finalidade de estimular a produ��o de crias e assim se garantir colm�ias bem povoadas e capazes de aproveitar ao m�ximo a florada, desde o seu in�cio. Este alimento estimulante deve ser oferecido na forma l�quida.
Para a alimenta��o das abelhas podemos utilizar �gua a�ucarada (50% a��car + 50% de �gua fervida), ou pasta de a��car e mel (a��car de confeiteiro umedecido com mel e sovado (amassado)) at� tomar consist�ncia compacta.
No caso do alimento ser de forma l�quida tem que ser oferecido em alimentadores com volume de �gua que n�o permita o afogamento das abelhas. "Em certos casos, urge socorrer a col�nia, dando-lhe alimenta��o dita artificial porque n�o � obtida pelas pr�prias abelhas, e, para isso, o m�todo mais racional � recorrer ao aprovisionamento das colm�ias bem abastecidas, se houver alguma, retirar um favo de mel e deixa-lo no ninho da fam�lia necessitada."(Ara�jo, 1905:111) De prefer�ncia utilizar alimentadores internos ou semi-internos.
Com alimento s�lido o melhor processo de alimenta��o das abelhas � o individual. Coloca-se uma t�bua com um furo (passagem das abelhas) no lugar da tampa; sobre esta um ninho ou melgueira sem caixilhos; dentro colocamos o alimento e, por �ltimo, a tampa.
Uma f�rmula de alimento s�lido rico em prote�na que vem sendo utilizada com sucesso � a seguinte:
a) Composi��o: 25% de farelo de soja
75% de a��car (preferencialmente mascavo)
b) Preparo : Triturar o farelo de soja at� o ponto de farinha fina; fazer o
mesmo com o a��car; posteriormente mistur�-los.
c) Utiliza��o :Colocar, em cada colm�ia 500 gramas de mistura sobre uma
folha de papel em cima dos caixilhos. Esta quantidade � suficiente para 30 dias.
VIII. COLHEITA DO MEL
O mel est� pronto para colher (maduro) quando os favos estiverem operculados. Um exame r�pido de alguns favos da colm�ia indica esse momento.
Passos da opera��o de colheita:
a) Retira-se o favo da melgueira.
b) Retira-se as abelhas do favo com uma vassourinha e vai se colocando em uma outra melgueira vazia.
c) Leva-se a melgueira para o local de extra��o.
d) Desopercula-se os favos com um desoperculador ou faca bem afiada. Cuidado para n�o danificar os favos.
e) Colocar os favos na centr�fuga.
f) Comece a girar lentamente, aumentando at� 200 a 300 rpm.
Esta opera��o dura 3 a 5 minutos.Deixe os op�rculos escorrendo por 24 horas sobre uma peneira. A cera dos op�rculos � de melhor qualidade.
IX. INTRODU��O DE RAINHA
O apicultor determina que uma colm�ia deve ter sua rainha substitu�da fazendo uma an�lise da mesma nos seguintes aspectos:
1) Postura - rainha eficiente faz postura uniforme nos quadros de cria.
2) Capacidade de limpeza da colm�ia - aufere resist�ncia a pragas e doen�as.
3) Agressividade.
4) Produ��o de mel.
A anota��o dos dados das colm�ias em fichas, facilita o trabalho de melhoria do api�rio. "Nenhum m�todo de introdu��o de rainhas pode ser considerado infal�vel ou garantido, todos est�o sujeitos a falhas, o que erologicamente se justifica, pelo motivo de cada ser vivo, apresentar caracter�sticas e sensibilidades diferentes e cada um reagir de maneira pr�pria � sua estrutura e de acordo com o meio ambiente em que se encontra."(Wiesse,1986:259) Dentro do pr�prio api�rio podemos identificar colm�ias com qualidade superior que podem nos fornecer rainhas para as colm�ias deficit�rias.
V�rios m�todos existem para a introdu��o de rainhas. �s vezes basta soltar a rainha no alvado da colm�ia orfanada.
Vamos explicar um m�todo simples e seguro:
a) Num ninho vazio colocamos 3 quadros com cria nascente (abelhas prestes a nascer) e um quadro com mel. Sem abelhas adultas.
b) Colocamos uma t�bua separadora, formando, com os 4 favos (3 de cria e 1 de mel), um ambiente isolado junto ao alvado.
c) Sobre os quadros soltamos a rainha e as abelhas.
d) Colocamos a tampa, fechamos o alvado com capim seco ou tela e enrolamos a caixa com pano para manter a temperatura.
e) Colocamos num lugar escuro e sossegado durante 3 dias, para nascer a prole.
f) Ap�s levamos para o lugar definitivo e abrimos o alvado.
g) Ap�s 15 a 20 dias retiramos a t�bua separadoura e completamos o ninho com favos de cria e de mel, sem abelhas.
CONCLUS�O
Muitos apicultores, embora experientes nos contatos com as colm�ias, n�o s�o movidos pelo esp�rito de pesquisa: pouco observam do que h� de mais interessante nos h�bitos das abelhas, absorvem poucos conhecimentos e muito de �til lhes escapa a observa��o sem qualquer proveito.
Outros sem ter tempo dispon�vel se entusiasmam pela cria��o de abelhas como um "hobby". Em apicultura h� muito que evoluir e descobrir, deve-se aceitar que freq�entemente imp�em nova orienta��o t�cnica e acompanhar a evolu��o t�cnica.
Devemos respeitar os m�todos e os processos consagrados pela pr�tica e pela experi�ncia. Como os mais eficientes no momento, mas n�o escravizemos como se fossem finais, s� porque s�o adotados ou porque n�o se fabrica outra coisa.
Ao finalizar este trabalho, desejo que todo apicultor n�o apenas procure tirar das abelhas benef�cios materiais, mas tamb�m que absorva a riqueza dos ensinamentos que a vida numa colm�ia nos oferece. A organiza��o das abelhas demonstra equil�brio e sabedoria, que motiva o homem a se deter e pensar, recebendo em troca serenidade, paz e sa�de.
BIBLIOGRAFIA
1 BARANCELLI, C.D. Crie Abelhas � F�cil e d� Lucro. 2� edi��o, Curitiba: EMATER-PR/ACARPA, 1982.
2 WIESE, H. (Coord) Nova Apicultura. 2� edi��o, Porto Alegre:Agropecu�ria, 1980.
3 WIESE, H (Coord) Nova Apicultura. 9� edi��o, Gua�ba: Agropecu�ria, 1993.
4 WIESE, H (Coord) Nova Apicultura. 7� edi��o, Porto Alegre: Agropecu�ria, 1986.
5 ARA�JO,Nepomuceno de. (Coord) Ganhe muito Dinheiro CriandoAbelhas. 1� edi��o, S�o Paulo: Nobel, 1905.
6 CAMARGO, Jo�o Maria Frando de , Comp. Manual de Apicultura. S�o Paulo. Ed. Agron�mica Ceres, 1972.
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