São fundamentais para o desenvolvimento de um manejo ecológico de plantas daninhas os estudos dos efeitos diretos das espécies sobre a produtividade das culturas; estudos das associações e interações com outros componentes da biota dos agroecossistemas; estudos bioquímicos e fisiológicos da espécie para estabelecimentos de fatores de auto-regulação; estudos fenológicos para determinação do comportamento ecológico; estudos de métodos de controle alternativos, como solarização, métodos biológicos, alelopáticos ou culturais.

        É fundamental, também, o desenvolvimento de pesquisas que determinem o nível da densidade populacional de cada erva que causa problemas na produção. Isto é conseguido com estudos de níveis críticos de competição e níveis econômicos de competição que estabelecem modelos matemáticos em função da densidade da infestação.

        Na agricultura moderna, o uso de produtos químicos para controlar as ervas daninhas, quando utilizado como atividade de rotina anual, é cada vez mais questionável. Os herbicidas e, de modo geral, qualquer outro tipo de controle, devem ser utilizados sob certas circunstâncias, especialmente se a densidade populacional da erva se apresenta acima de um determinado NÍVEL ou UMBRAL de dano.

        A curva de resposta de um cultivo a um ataque de uma praga é do tipo sigmoidal, onde ocorre um UMBRAL de danos que constitui o ponto limite, ou NÍVEL da praga, abaixo do qual a praga não causa perdas no rendimento.

        Geralmente se distinguem dois níveis: o UMBRAL ECONÔMICO de danos, que é alcançado quando as perdas causadas pelas ervas são iguais ao custo do tratamento para controlá-las, e o UMBRAL DE CONTROLE, que se refere ao grau de infestação das ervas quando se inicia a competição. Com base nestes índices, o produtor não deverá tomar qualquer medida de controle a menos que o ganho com o aumento do rendimento ou a qualidade do produto ultrapasse o custo do tratamento, ou naqueles casos em que o produtor necessite prevenir a infestação de espécies problemáticas nos anos seguintes.

        Estes umbrais podem ser calculados com base em resultados experimentais e emprego de fórmulas relativamente simples que permitem estabelecer equações de perdas do cultivo, a fim de predizer o rendimento da cultura em função da densidade da erva.

        » Programa de controle de plantas daninhas

        Sob um ponto de vista ecológico, o controle das plantas daninhas sem agressão ao meio ambiente, pode ser programado utilizando-se diversas técnicas, de acordo com o tipo de exploração que se deseja:

• Plantio em rotação, utilizando-se culturas diferentes, que são plantadas em sequência;
• Utilização de "mulch" vivo nas entrelinhas do cultivo com leguminosas (bem apropriado para culturas perenes), ou "mulch" de material morto (palha);
• Utilização de plantio direto e cultivo mínimo, onde a vegetação que cobre o terreno é morta por meio de um herbicida de efeito dessecante e irá funcionar como "mulch";
• Utilização de coberturas de plásticos; alguns casos são utilizados como obstáculo para a emergência das ervas; outros, com efeito de solarização no controle da sementeira da infestação;
• Utilização de variedades precoces que cubram mais rapidamente o terreno;
• Utilização de espaçamentos mais estreitos que permitem a planta cultivada cobrir mais cedo o terreno;
• Utilização de controle biológico com mico-herbicidas;
• Utilização do conhecimento da dinâmica de germinação das espécies infestantes;
• Utilização do conhecimento do período crítico de competição;
• Utilização do conhecimento do umbral de controle da espécie.

        Em resumo, em muitos casos há possibilidade de se conviver ecologicamente com as plantas daninhas. De todo modo, para que se atinja este nível de agricultura é necessário:

• Mudança de mentalidade do produtor e do poder governamental;
• Mudança do modelo de agricultura que se quer para o país;
• Estudos de biologia, ecologia e competição das espécies infestantes dos agroecossistemas.

        A nosso ver, um modelo único de manejo não atenderá ao problema, na maioria dos casos: a solução se encontra em uma combinação de métodos de controle — controle integrado — onde o controle químico, sem dúvida, tem o seu papel em determinadas situações.

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